Da oficina à Amazônia: como a circularidade do óleo lubrificante conecta cidades e clima na COP30

Em meio às discussões sobre clima e Amazônia que dominam a COP30, uma experiência brasileira se destaca como exemplo concreto de economia circular aplicada à vida cotidiana que conecta a floresta às cidades: a reciclagem do óleo lubrificante usado.

O Brasil gera cerca de 1,4 bilhão de litros de Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado (OLUC) por ano, um resíduo perigoso que, se descartado de forma incorreta, pode contaminar até 1 milhão de litros de água por litro despejado, o suficiente para abastecer uma família de quatro pessoas por 14 anos. Mais do que um problema ambiental, trata-se de uma oportunidade de transformação: o rerrefino, como é conhecido o processo industrial que recupera a matéria prima do OLUC, permite que esse material retorne à cadeia produtiva, substituindo o petróleo virgem e reduzindo emissões.

“O rerrefino do óleo lubrificante é uma das expressões mais claras de circularidade no Brasil”, afirma Aylla Kipper, Head de Relações Institucionais da Lwart Soluções Ambientais. “Trata-se de um processo que une eficiência industrial, redução de emissões e regeneração de recursos, e mostra que a economia circular é uma aliada decisiva da agenda climática.”

“Pode parecer estranho conectar a preservação amazônica com a troca de óleo do carro”, explica a executiva, “mas a relação é mais direta do que se imagina. A Amazônia funciona como o “ar-condicionado” do planeta, regulando temperatura e umidade. As cidades, por sua vez, são responsáveis por 60% das emissões globais de gases de efeito estufa e consomem 78% da energia mundial”.

Quando se descarta óleo incorretamente, cria-se um ciclo vicioso: contaminação do solo e da água, necessidade de tratamento mais complexo e caro, maior consumo energético, mais emissões de CO2. “Essas emissões contribuem para o aquecimento global que pressiona ainda mais a Amazônia, criando um ciclo de degradação que conecta a oficina da esquina com a floresta a milhares de quilômetros de distância”, alerta Aylla.

 

Circularidade em pauta na COP30

A relevância da economia circular ganha destaque na programação da conferência.
No dia 10 de novembro, Aylla Kipper participou como painelista na Casa C.A.S.E., coalizão de grandes empresas brasileiras como Bradesco, Itaú, Natura, Nestlé e Vale, durante o dia temático de Economia Circular, no painel “Circularidade e Produtividade”.

Já no dia 20, a Aylla conduz o painel “Circularidade de Óleos Lubrificantes e impacto da Indústria de Rerrefino no Brasil”, às 10h, que integra a programação oficial do Pavilhão ABDI, na Green Zone da COP30.

“O destino dos resíduos urbanos e industriais está diretamente conectado à preservação da Amazônia”, reforça Aylla. “Cada ciclo fechado, como o do óleo lubrificante, representa menos emissões, menos desperdício e mais valor gerado. É assim que as cidades podem se tornar parte da solução climática.”

Com sua presença nos debates da COP30, o case brasileiro de rerrefino mostra que a economia circular não é uma tendência futura, mas uma realidade que já transforma a forma como o país produz, consome e cuida dos seus recursos.

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