A COP30, que está acontecendo em Belém (PA), incluiu pela primeira vez o tema da integridade da informação em sua agenda oficial. A novidade foi marcada pelo lançamento da Global Initiative for Information Integrity on Climate Change, uma parceria entre o Governo do Brasil, a ONU e a UNESCO para enfrentar a desinformação sobre mudanças climáticas e incentivar políticas públicas e privadas baseadas em dados confiáveis.
A proposta prevê chamadas públicas e apoio técnico e financeiro a projetos que contribuam com o avanço da informação qualificada sobre a crise climática, com possibilidade de integrar a programação oficial da conferência. A iniciativa nasce de um entendimento crescente nas Nações Unidas: conteúdos enganosos comprometem o debate público, atrasam decisões e enfraquecem a confiança social necessária para enfrentar a emergência climática.
Relatórios recentes da ONU reforçam que transparência, rastreabilidade de dados e prestação de contas são pré-requisitos para decisões eficazes, especialmente em temas que envolvem recursos públicos, financiamentos internacionais e compromissos ambientais assumidos por empresas e governos.
Para Fernando Beltrame, CEO da Eccaplan e especialista em estratégias Net Zero, essa mudança eleva o padrão de comunicação sobre o clima. “Estamos diante de um divisor de águas. A partir da COP30, não será mais suficiente dizer que compensa emissões ou que adota boas práticas ambientais, será preciso mostrar como isso é feito, com base em metodologias claras, dados auditáveis e fontes rastreáveis. Informação confiável é tão estratégica quanto a própria tecnologia. Sem ela, metas viram promessa e a confiança se perde”, explica.
Segundo Beltrame, o avanço do tema coloca pressão positiva sobre empresas, eventos e organizações que divulgam resultados ambientais. “Quem trabalha com seriedade e transparência tende a se destacar. Quem aposta apenas em narrativas, sem dados sólidos, terá menos espaço”. O especialista acredita que, na Eccaplan, a busca por inventários de emissões deverá aumentar em 26% no próximo ano.
Na prática, a tendência é de maior exigência por relatórios consistentes, métricas verificáveis e comprovação de impacto. Plataformas e metodologias que garantam a rastreabilidade das informações, como os inventários, devem ganhar protagonismo.
A expectativa dos organizadores é que a iniciativa contribua para decisões mais rápidas, políticas mais eficazes e um debate público mais qualificado. Ao trazer a integridade da informação para o centro da COP30, o Brasil assume o papel de articulador de uma nova etapa no enfrentamento da crise climática, na qual o que se diz precisa estar alinhado com o que se faz, e com o que se pode comprovar.