Lula volta à COP30, e mapa para eliminação de combustíveis fósseis ganha fôlego

No mesmo dia em que foi confirmada uma nova participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na COP30, a negociação de um mapa para a eliminação dos combustíveis fósseis, ideia que surgiu há dois anos, na COP 28 de Dubai e foi fortemente defendida pelo presidente em seu discurso de inauguração do evento em Belém, semana passada, voltou a ganhar fôlego.

Os principais negociadores brasileiros não quiseram antecipar resultados, mas o embaixador Mauricio Lyrio, figura de proa da delegação brasileira, afirmou que “a Cúpula de Belém e a COP já estão marcadas pela importância do tema. Com uma direção que o Brasil quer seguir”.

Lula chegará novamente a Belém nesta quarta-feira, para impulsionar essa e outras negociações. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, que participou de vários eventos nesta segunda na COP, “se Lula puder vir será extremamente positivo”. Fontes do Itamaraty confirmaram que o presidente estará em Belém na quarta e, provavelmente, não ficará mais de 24 horas.

O chamado “roadmap para a eliminação dos combustíveis fósseis” é uma das prioridades de Lula, e está sendo negociado por fora da agenda formal da convenção. É uma proposta paralela, que vem ganhando força e já conta com a adesão de 62 países, entre eles vários europeus como a Alemanha, confirmaram observadores que acompanham o processo. Na América Latina, um dos principais parceiros do Brasil na negociação é a Colômbia de Gustavo Petro.

— O mundo precisa de um mapa do caminho claro para acabar com essa dependência dos combustíveis fósseis. É tempo de diversificar nossas matrizes energéticas, ampliar as fontes renováveis e acelerar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis — declarou Lula, na sessão sobre transição energética na Cúpula de Líderes da COP30.

Lyrio explicou nesta segunda que “o mapa do caminho, nas palavras do presidente Lula, se refere a sair da dependência dos combustíveis fósseis. A decisão foi tomada na COP de Dubai, e a ideia é fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis”.

— Estamos no momento inicial desse processo [de negociação], é preciso respeitar o tempo da negociação. E o engajamento de todos — apontou o embaixador.

Perguntado sobre até onde pode chegar esse processo em Belém, Lyrio acrescentou que “não podemos antecipar o resultado. O mais importante é o chamado que o presidente fez, e apontar uma decisão futura. O ritmo será ditado pela vontade dos países”.

— É um tema muito complexo, que toca em dificuldades de diversos países, pela produção e pelo consumo. Mas a Cúpula de Belém e COP já estão marcados pela importância do tema. Com uma direção que o Brasil quer seguir — enfatizou o embaixador.

Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, assegurou que “faz algum tempo que não se via uma proposta tão potente”.

— Temos a chance de partir dessa questão colocada pelo presidente Lula para podermos nos debruçar na ideia de uma transição justa, planejada e gradativa, para o fim dos combustíveis fósseis. Dar a oportunidade de construirmos juntos uma espécie de Arca do Noé, para que cada um de nós olhe e veja que construiu esse processo — concluiu a ministra.

Fonte: O Globo

Crédito Imagem: Bruno Peres/Agência Brasil

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